A rede de lojas Polishop, varejista de eletrodomésticos e itens para casa, enfrenta dificuldades que obrigaram a empresa a reduzir sua estrutura. Os sócios precisaram injetar recursos para equilibrar a estrutura de capital em 2022 e, de um ano e meio para cá, dezenas de lojas deficitárias foram fechadas, com demissões e corte de custos, em uma plano para reorganizar a operação e tentar ser mais rentável.
Ao fim de 2021, eram 250 unidades, e um ano depois, em dezembro passado, a rede somava 180 – hoje, são 120 lojas. Neste ano, shoppings de empresas como Multiplan, Iguatemi, Ancar, Saphyr e Aliansce Sonae BR Malls entraram com ações de despejo e execuções de títulos judiciais contra a rede por conta de atrasos no pagamento de aluguéis.
Levantamento do site Valor no Tribunal de Justiça de São Paulo mostra que, entre o quarto trimestre de 2022 e julho deste ano, há 30 processos em andamento de shoppings contra a Polishop ou a Polimport (nome da empresa), metade solicitando desocupação de imóvel e a outra metade executando a dívida. Em 25 dessas ações não há ainda acordo com o empreendimento ou decisão.
São R$ 9,39 milhões em alugueis atrasados nesses casos, calculou a reportagem. Há cinco acordos entre as 30 ações. O fundador João Appolinário, afirmou ao site Valor que a empresa passa por uma reorganização, impactada por certos fatores após a pandemia que ainda afetam o negócio, e reforça que tem um projeto de retomada nas vendas a partir da abertura de franquias que será lançado no segundo semestre.
O empresário critica a posição de shoppings nas negociações de contratos e diz que as linhas de bancos “sumiram” após 2022, sendo que as que existem têm “taxas absurdas”, alcançando mais de 25% ao ano (CDI + taxa), o que levou o fundador a pôr dinheiro do bolso no negócio. Com posição mais estratégica na rede até 2020, ele ainda decidiu voltar ao dia a dia da operação do grupo.
Segundo fontes, teriam sido alocados cerca de R$ 100 milhões na operação no ano passado, e parte oriunda de um avião vendido ao cantor Gusttavo Lima por R$ 250 milhões. A rede não comenta os números. Appolinário ainda tem como sócio o empresário Carlos de Oliveira Neto. “A empresa deu dividendos por anos, às vezes é preciso inverter isso e pôr capital para desalavancarmos”, afirma ele.
Pessoas a par da operação afirmam que a venda bruta, na faixa de R$ 1,5 bilhão em 2018 — o que representa uma média mensal de R$ 125 milhões — caiu para R$ 60 milhões ao mês neste ano. O grupo não abre os dados.
“Depois de 2022, a ajuda do governo que existia foi acabando (auxílio emergencial) e os shoppings pararam de negociar descontos nos alugueis e em outros custos, e o IGP-M, que reajusta os contratos, foi às alturas. Essas empresas de shoppings são grandes, de capital aberto, querem cobrar e acabou”, disse. O IGP-M fechou em 5,45% em 2022 e 17,78% em 2021. Neste ano, acumula recuo de 4,46%.