A mulher mais ‘bonita’ do Brasil pode ser uma Trans. Trinta e três mulheres irão concorrer ao título de Miss Universo Minas Gerais neste ano, que acontece em Juiz de Fora, na Zona da Mata, no próximo dia 30 de abril. O sonho é o mesmo: ser a próxima Miss Universo Brasil e, quem sabe, a terceira Miss Universo na história da franquia. Afinal, o título apenas foi conquistado pela gaúcha Ieda Maria Vargas, em 1963, e a baiana Martha Vasconcellos, em 1968. Ou seja, o Brasil está há 55 anos sem ganhar a coroa.
Por outras franquias, temos duas misses brasileiras consagradas as mais belas do mundo. Isso, considerando todo o conjunto, já que o concurso atualmente não se trata apenas de beleza física – elas também são avaliadas pela história e intelectualmente. São elas: a paulista Isabella Menin (Miss Grand International 2022) e a mineira Luma Russo (Miss Charm 2023). Agora, as misses que concorrem pela coroa em Minas Gerais tentam chegar ao topo também pela franquia – a mais popular na terra do samba.
Coordenador do Miss Universo Minas Gerais pelo primeiro ano, Diley Almeida explica que o concurso neste ano está mais “diverso e acolhedor”. Afinal, tem pela primeira vez na história uma mulher trans, a Miss Universo Divinópolis, Ariella Moura, e uma mãe, a Miss Universo Patos de Minas, Tatiana Gonçalves. Diley as define, respectivamente, como: “mulher trans inspiradora” e “mãezona incrível”. O Miss Universo, em toda a sua história, teve apenas duas mulheres trans: Jenna Talackova, Miss Canadá 2012, e Angela Ponce, Miss Espanha 2018.
“No meu primeiro ano como coordenador do Miss Universo Minas Gerais, ter a possibilidade de fazer um concurso tão diverso e acolhedor é muito especial para mim. Quero que todas as mulheres mineiras sintam que o concurso é o lugar delas. Que no MUMG [Miss Universo Minas Gerais] elas poderão mostrar suas vozes e inspirar mulheres com histórias de vida parecidas”, comenta Diley – que trabalha há 11 anos com concursos de beleza.
Ele acrescenta: “Acredito que o fato da coordenação internacional ter permitido a participação de mulheres trans, casadas, solteiras e mães, transformou a franquia Universo em uma plataforma ainda maior de empoderamento feminino”.



Flexibilização
No dia 5 de agosto de 2022, Amy Emmerich, CEO do Miss Universo, anunciou a mudança das regras da competição. Com isso, a partir da data, mulheres casadas e com filhos podem participar do concurso. Apenas a idade, que é entre 18 e 28 anos, segue a mesma.
A flexibilização das regras ampliou o leque de misses e, consequentemente, tornou o concurso ainda mais representativo, quebrando paradigmas de padrões de beleza. O Miss Universo Minas Gerais conta com mulheres altas, baixas, pretas, brancas e tantas outras.
As candidatas ao título de mulher mineira mais bonita possuem entre 19 e 27 anos. No entanto, Diley esclarece que a figura da miss mudou. Não se trata apenas de atributos físicos. “A miss é porta voz, uma figura transformacional e inspiradora. Uma mulher que usa seu título e sua visibilidade para transformar para melhor tudo que estiver ao seu alcance. Hoje não se espera só que uma miss seja bela, espera-se comunicabilidade, empatia, empoderamento, sororidade e determinação”, conta.
Diley explica o que a organização do Miss Universo MG espera da futura representante do estado no concurso nacional. “Uma mulher que entenda o papel social que ela deve desenvolver, focada, que se comunique bem, e quando digo comunicar, falo de alma. MG quer uma miss que crie vínculos com seu público, que ao estar presente em algum lugar e discursar toque no coração do público e assim consiga ser a figura transformacional que a organização internacional e brasileira tanto busca. Queremos eleger aqui em Minas não só a Miss Universo Minas Gerais, queremos eleger aqui a futura Miss Universo”, destaca Diley.