Mesmo sem receber um único voto, a deslumbrada Janja participa de reunião com governadores e envia mensagens a PF.
A onipresença de Janja inclui posses, reunião com governadores e até mensagens à Polícia Federal (PF), segundo noticiou o jornal Folha. A superexposição da primeira-dama vem causando incômodos tanto na oposição ao governo quanto nos aliados, que estão preocupados com a participação ativa da socióloga em atos do governo.
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, foi presença constante nas duas primeiras semanas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.
A socióloga assumiu um protagonismo em agendas oficiais que contrasta com suas antecessoras: foi a posses de ministros, participou de reunião com governadores, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e parlamentares.
Desde a campanha, Janja tem prometido não se limitar às atribuições normalmente associadas à função de primeira-dama, como trabalhos de assistência social, por exemplo. Até o momento, no entanto, não foi definido qual será seu cargo no governo.
Janja ganhou um protagonismo no governo que gera incômodo entre alguns aliados do petista, que a veem interferindo em assuntos de governo e dizendo o que Lula deve fazer, interlocutores do presidente afirmam que a presença de Janja é uma realidade que já está posta.
As queixas vêm desde antes, da campanha e da organização da posse — o festival e momentos da solenidade foram coordenados por ela, o próprio Lula avisou a esposa que a superexposição poderia fomentar críticas.
Outros defendem a socióloga e dizem que a forte presença de Janja traz uma visão mais moderna para a posição de primeira-dama. Esses aliados também apontam um componente machista nas críticas de que Janja estaria se excedendo ao marcar presença nas principais agendas de Lula mesmo sem ter cargo algum no governo.
O papel desempenhado por Janja contrasta com o das últimas primeiras-damas do país. Michelle Bolsonaro assumiu protagonismo maior durante a campanha à reeleição do marido e teve uma atuação mais ligada ao programa Pátria Voluntária (de estímulo ao trabalho voluntário) e ao apoio a pessoas com deficiência.
Michelle se envolveu diretamente em articulação política para emplacar André Mendonça na vaga do STF (Supremo Tribunal Federal). Por sua interlocução com o meio evangélico, era presença frequente em cerimônias religiosas realizadas no Planalto; e em diversas ocasiões acompanhou o marido em viagens internacionais.
Já sua antecessora, Marcela Temer, aparecia pouco ao lado do marido, o ex-presidente Michel Temer (MDB), em eventos oficiais no Planalto. Ela era embaixadora do programa Criança Feliz, voltado à primeira infância. Ficou reconhecida pela descrição “bela, recatada e do lar”.
Marisa Letícia, então esposa de Lula durante seus dois primeiros mandatos, optou por não exercer cargos ao longo dos governos.