Mais

    Jovens de esquerda são mais sensíveis e tendem mais à depressão, diz estudo

    A divulgação da pesquisa ficou restrita aos círculos acadêmicos até o fim de fevereiro, quando foi descoberta e passou a ser discutida nas redes sociais e na imprensa americana. O debate produziu dois tipos de explicação.

    A primeira acredita que os jovens de esquerda adoecem mais porque são mais sensíveis e mais impactados pelas mazelas do mundo. Essa é a hipótese dos próprios autores do artigo. Eles especulam que, no período do estudo, “guerra, aquecimento global, tiroteios nas escolas, racismo estrutural, violência contra negros, machismo generalizado e desigualdade socioeconômica desenfreada” tomaram o discurso político e geraram uma reação de movimentos juvenis. Assim, “adolescentes de esquerda podem ter se sentido alienados num clima político conservador, de modo que sua saúde mental sofreu mais em comparação com a de seus pares conservadores cujas visões hegemônicas floresciam”.

    A colunista do jornal The New York Times Michelle Goldberg logo percebeu que a hipótese dos autores do estudo não era muito consistente com os dados. Embora fosse razoável supor que o governo Trump deprimisse meninas adolescentes, não era isso o que os dados mostravam. O maior índice de depressão entre adolescentes de esquerda não pareceu ser afetado pela mudança de governo, permanecendo mais elevado tanto no governo progressista de Barack Obama (2013-2016) como no governo conservador de Donald Trump (a partir de 2017).

    A segunda linha de interpretação, capitaneada pelo psicólogo social Jonathan Haidt, tenta explicar o adoecimento dos jovens de esquerda pela política progressista contemporânea, que, diz ele, estimula a sensibilidade diante de pequenas agressões e enxerga simples ofensas como grandes e insuportáveis violências. Essa política se difunde pelas mídias sociais. Para Haidt, as meninas adoecem mais porque fazem mais uso delas. Ele compara esse tipo de política a uma terapia reversa: enquanto na terapia se busca contextualizar, criar distanciamento e aprender a lidar com os traumas, nessa política há um esforço para ver ofensas como violências intoleráveis que não devem ser esquecidas.

     

    leia também

    guest
    0 Comentários
    Inline Feedbacks
    Ver todos comentários
    0
    Faça um comentáriox