Em meio a crise geral dos grandes monopólios capitalistas, a Rede Globo de Televisão, principal empresa do conglomerado da família Marinho, demitiu desde o início de abril mais de 50 funcionários, entre repórteres, produtores, apresentadores e técnicos, principalmente do departamento de jornalismo, em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.
Embora não seja admitido oficialmente, as demissões estão relacionadas aos seguidos prejuízos que a Rede Globo vem sofrendo. Em 2022 a empresa registrou prejuízo de R$ 41 milhões e no ano anterior de R$ 121 milhões. Aliás, a onda de demissões, embora tenha se acentuado, não é de hoje. Nos últimos anos, houve muitas demissões no setor de dramaturgia, incluindo dezenas de artistas famosos.
A política da Rede Globo em nada se diferencia da prática corrente nas grandes empresas. Demite-se trabalhadores antigos com salários mais elevados e contrata-se novos trabalhadores pela metade ou até mesmo a quarta parte dos salários anteriores. O que diferencia a Globo de outras empresas não é o método em si, mas o fato de boa parte dos demitidos serem pessoas conhecidas do público em geral.
Uma outra condição que veio à tona com as demissões é que boa parte dos funcionários da empresa tiveram seus contratos de trabalho alterados para pessoas jurídicas, isso significa que não têm direitos trabalhistas, como horas extras, 13º salários e férias remuneradas. Um regime de exploração sem limites imposto pela “reforma trabalhista”, que teve a própria Globo como um dos maiores instrumentos da campanha dos golpistas em favor da destruição dos direitos trabalhistas.
Veruska Donato não escondeu a indignação com os cortes que atingiram mais de 50 jornalistas só nesta semana na Globo. A apresentadora, que trabalhou por 21 anos na emissora, considerou as demissões injustificáveis e denunciou as condições de trabalho de inúmeros colegas de profissão. “Nada justifica uma empresa que fecha contas no azul demitir sem escrúpulos”, lamentou.
Ela publicou um desabafo em seu perfil oficial no Instagram, ressaltando que nesta sexta (7) comemora-se o Dia do Jornalista. “Na semana que a maior rede de jornalismo do país demite entre 30 e 40 jornalistas não há o que comemorar”, escreveu.
A Globo não dá ponto sem nó. Por trás do seu jornalismo venal em aberta defesa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, da prisão de Lula e o seu banimento das eleições de 2018 estão a defesa do imperialismo no Brasil, particularmente o norte-americano, do grande capital nacional e como pagamento a garantia da manutenção do seu monopólio e porque não, das benesses que os grandes capitalistas obtiveram com o golpe, como foi o caso da reforma trabalhista.
E por falar em golpe, nunca é demais relembrar que o poderio da Rede Globo, o monopólio quase absoluto que exerce no Brasil, é o resultado dos serviços prestados em defesa da ditadura militar de 1964.
Por ironia, a Globo, que é um dos principais porta-vozes do imperialismo de valorização do identitarismo, está sendo acusada de etarismo, que seria um tipo de preconceito com pessoas mais velhas. Isso porque os jornalistas e outros profissionais mais experientes e com salários mais altos, estão demitidos e substituídos por mais jovens com salários bem inferiores.
Em resposta às demissões em massa promovidas pela emissora, a Federação Nacional de Jornalismo (Fenaj) em conjunto com os Sindicatos de jornalistas e Radialistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal estão convocando atos para o próximo dia 11 (terça-feira) nas sedes dos estados atingidos pelas demissões. É preciso que as organizações dos trabalhadores, em particular a CUT, se somem às atividades levantando a bandeira do fim do monopólio do Partido da Imprensa Golpista.