Mais

    Desemprego volta a subir e vai para 8,4% no 1° trimestre deste ano

    taxa de desemprego voltou a subir no País após dez recuos consecutivos: foi de 7,9%, no trimestre encerrado em dezembro de 2022, para 8,4% no trimestre até janeiro deste ano.

    Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    No período, o País tinha 9 milhões de desempregados – pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego, mas não conseguiram encontrar.

    “A pesquisa confirma a tendência de piora que esperávamos na desocupação, e mostra os efeitos da desaceleração da economia no emprego”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em relatório a clientes.

    Em nota, os economistas Rafael Castilho e Francisco Lima Filho, do Credit Suisse, disseram que, “aos longo dos próximos meses, esperamos um aprofundamento da desaceleração do mercado de trabalho”.

    Segundo o IBGE, o resultado teria sido maior não fosse a migração de trabalhadores que perderam o emprego para a inatividade.

    “Se as pessoas que perderam sua ocupação agora tivessem se voltado para a busca de um novo trabalho, isso poderia ter levado a um aumento da taxa”, explicou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do instituto, Adriana Beringuy. “Mas é importante lembrar que o processo de busca por trabalho no mês de janeiro não costuma ser dos mais intensos. É mês de férias. Empresas têm paradas técnicas ou férias.”

    Pelos dados divulgados ontem pelo IBGE, o País registrou o fechamento de 1,025 milhão de vagas no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro de 2022. Já a população ocupada somou 98,636 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro passado.

    7 de 10 atividades cortaram postos

    A perda de força na geração de novas vagas no mercado de trabalho já era possível de ser notada no fim de 2022, segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Normalmente, o fim de ano é favorável ao mercado de trabalho, com a contratação de empregados temporários. A virada costuma vir em janeiro, com a perda de fôlego na ocupação.

    “É cedo para traçar um cenário excessivo de desaceleração (do mercado de trabalho)”, avaliou Adriana, acrescentando que os dados refletem a virada do ano, “um momento de transição, onde fatores sazonais exercem influência importante nos indicadores”

    Sete das dez atividades econômicas pesquisadas pelo IBGE enxugaram o número de trabalhadores em um trimestre, mas a coordenadora do órgão lembra que pode ser um movimento sazonal de dispensa de contratos temporários, não sendo possível apontar ainda se há de fato um enfraquecimento do mercado de trabalho. Além disso, o rendimento médio está aumentando (leia mais nesta página).

    “Eu não sei até que ponto o que está prevalecendo é um comportamento sazonal ou uma perda de força”, ponderou ela. “Não existem fatores de um apontamento que revelem uma mudança tão efetiva no mercado de trabalho.”

    A população desocupada diminuiu em 27 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,995 milhões de desempregados no trimestre até janeiro. A população inativa somou 66,341 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro, 1,438 milhão a mais do que no trimestre anterior.

    “Embora esse trimestre registre uma perda de ocupação, a menor pressão exercida no mercado de trabalho ainda mantém essa taxa no campo da estabilidade”, disse Adriana. Já o nível da ocupação (porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) saiu de 57,4%, no trimestre até outubro de 2022, para 56,7% no trimestre até janeiro de 2023. No trimestre terminado em janeiro de 2022, o nível da ocupação era de 55,3%.

    Perspectivas

    Para o economista Luccas Saqueto, da GO Associados, o aumento da taxa de desemprego reforça a percepção de que 2023 será pior para o mercado de trabalho, fruto de uma conjuntura macroeconômica mais desafiadora, especialmente para a atividade econômica. Para o economista, as leituras da Pnad ao longo de 2023 devem acompanhar o desempenho enfraquecido da economia brasileira nos próximos meses.

    Segundo o economista, o setor de serviços não deve apresentar o mesmo protagonismo que teve no ano passado para a geração de vagas e redução da população desocupada. Um possível substituto poderá ser a construção civil, impulsionada por ações do governo federal, mas Saqueto avalia que ainda restam incertezas para que o setor puxe a criação de empregos no País neste ano.

    leia também

    guest
    0 Comentários
    Inline Feedbacks
    Ver todos comentários
    0
    Faça um comentáriox